NOTÍCIAS DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Polícia Civil deflagra operação contra provedores de internet clandestinos ligados a facções criminosas

ASCOM - Assessoria de Comunicação

05/08/2025

Policiais civis da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) realizaram, nesta terça-feira (05/08), a "Operação Rede Obscura" que mirou a exploração clandestina do serviço de internet em regiões da Zona Norte do Rio, com ligação direta às facções criminosas. Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em endereços vinculados aos alvos, na Zona Norte e na Baixada Fluminense. A ação contou com o apoio de agentes do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da 38ª DP (Brás de Pina).

Na ação, duas centrais de internet clandestina foram desarticuladas e grande quantidade de equipamentos eletrônicos e cabos, para instalação de redes clandestinas, foram apreendidos. Duas pessoas foram conduzidas à delegacia e um homem foi preso em flagrante pelo crime de receptação. Com ele, foram encontrados 200 modens, produtos de crime e cabos de empresas.

A operação foi um desdobramento de investigação em andamento, que teve início a partir da análise de dados técnicos e relatos encaminhados à especializada, indicando a existência de provedores atuando de forma irregular em comunidades dominadas por facções criminosas. No decorrer da apuração dos fatos, foi possível determinar a atuação de empresa, vinculada ao Comando Vermelho, operando na região do Morro do Quitungo, e outra empresa com ligação ao Terceiro Comando Puro, com atuação predominante em Cordovil, Cidade Alta e adjacências.

De acordo com os agentes, a investigação demonstrou que ambas atuam com apoio logístico de criminosos armados, que impedem a entrada de operadoras licenciadas, promovendo, inclusive, o vandalismo de redes técnicas e a destruição de cabos de fibra óptica.

Com apoio da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil, a distrital mapeou as conexões clandestinas. Na região do Morro do Quitungo foi constatada a existência de postos de vigilância armada e grande restrição à mobilidade institucional, o que reforçou que as atividades empresariais ocorriam sob proteção armada da organização criminosa.

Em fevereiro deste ano, minutos após técnicos de uma das empresas clandestinas serem flagrados atuando na rede, próximo ao Morro do Quitungo, a operadora licenciada reportou queda abrupta de sinal na região. Posteriormente, foi confirmado o rompimento dos cabos instalados. Além disso, foi verificado que materiais subtraídos de operadoras regulares estavam sendo utilizados no interior da sede da empresa clandestina.

O responsável pela empresa ligada ao Comando Vermelho possui anotações criminais por tráfico de drogas, furto de energia e receptação. Em depoimento, declarou já ter recebido propostas de facções criminosas para assumir o serviço de internet em outras comunidades, inclusive relatando repasses periódicos a lideranças do tráfico em forma de doações e contribuições "comunitárias".

Em relação a empresa ligada ao Terceiro Comando Puro, o proprietário já foi autuado em flagrante por receptação qualificada, quando foi encontrado grande volume de cabos pertencentes a operadoras regulares no interior de um galpão. Também foi apurada a existência de equipes de instalação formadas por indivíduos sem vínculo formal, utilizando veículos de terceiros e operando sem habilitação. Em uma das diligências, em março, sete pessoas foram presas, inclusive uma funcionária em plena atividade de instalação clandestina na região de Brás de Pina.

O material arrecadado na operação desta terça será submetido à análise forense, com acompanhamento do setor de inteligência da unidade, a fim de subsidiar novas diligências e robustecer a investigação em andamento, bem como a responsabilização de todos os envolvidos no esquema criminoso.