Uma Força-Tarefa criada pelo Governo do Estado realizaram, nesta terça-feira (16/09), a maior operação da história do Brasil de combate ao tráfico de animais silvestres, armas e munições. A “Operação São Francisco”, coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), com apoio da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), é resultado de um ano de investigações que revelaram a maior organização criminosa do estado do Rio de Janeiro e suas conexões com facções de outros estados. As equipes cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão na capital, Região Metropolitana, Baixada Fluminense, Região Serrana, Região dos Lagos e também em São Paulo e em Minas Gerais.
Ao todo, 47 indivíduos foram presos e mais de 800 animais foram resgatados. Também, foram apreendidos um fuzil, revólver, granadas, material tático e outros elementos que serão analisados.
Mais de mil policiais civis estiveram nas ruas desde as primeiras horas da manhã. Durante a investigação, 145 criminosos foram identificados.
A ação também conta com o apoio de delegacias dos Departamentos-Gerais de Polícia Especializada (DGPE), da Capital (DGPC), da Baixada (DGPB) e do Interior (DGPI), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Militar e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), do Ministério Público, com colaboração do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama.
Tráfico de animais
O grupo vinha explorando há décadas o tráfico de animais silvestres no estado, sendo o principal responsável pela venda em feiras clandestinas. A organização também traficava armas e munições para garantir a continuidade das ações delituosas.
As investigações mostraram que a organização criminosa atua de forma armada e estruturalmente organizada, por meio de diversos núcleos com funções específicas, incluindo o de caçadores. Esses bandidos eram os responsáveis pela caça em larga escala de animais silvestres em seus habitats naturais. Após serem sequestrados da natureza, os animais eram transportados de forma cruel pelo núcleo de atravessadores. Eles tinham a função de entregar os animais nos centros urbanos para a comercialização.
Havia ainda um núcleo especializado em primatas, que caçava, dopava e vendia macacos para outros integrantes do grupo. Muitos deles eram retirados das matas fluminenses, como o Parque Nacional da Tijuca e o Horto.
Outros crimes
Outros núcleos identificados eram o de falsificadores – que vendia anilhas, selos públicos, chips e documentos falsos, que eram usados para mascarar a origem ilícita dos animais – e o de armas – responsável pelo fornecimento de armamento e munições para a organização. Além disso, os investigadores qualificaram diversos consumidores finais, que adquiriram animais silvestres de forma ilegal, fomentando toda a cadeia criminosa.
O inquérito aponta ainda que os traficantes de animais se utilizam de relações próximas com as facções criminosas, garantindo assim a venda em feiras clandestinas realizadas em áreas exploradas pelo tráfico de drogas.
Base de apoio para animais
Para dar apoio à operação, foi montada na Cidade da Polícia uma base para onde os animais serão encaminhados. Lá, receberão atendimento médico veterinário por profissionais voluntários e serão avaliados por peritos criminais. Em seguida, serão levados para centros de triagem, a fim de garantir a reintrodução na natureza.