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Polícia Civil realiza operação contra call center que cobrava por orações em Niterói

ASCOM - Assessoria de Comunicação

24/09/2025

Polícia Civil realizou operação contra call center que cobrava por orações em Niterói Policiais civis da 76ª DP (Niterói) deflagraram, nesta quarta-feira (24/09), uma ação contra uma quadrilha que, se passando por um pastor, cobrava de fiéis para fazer orações, prometendo curas e milagres. Os criminosos atuavam a partir de uma central de telemarketing, no Centro de Niterói. A “Operação Blasfêmia” foi realizada em conjunto com o Ministério Público.

O objetivo da ação foi cumprir mandados de busca e apreensão em decorrência de inquérito da 76ª DP que apurou os crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. "Pelo que foi apurado, o que realmente motivava o grupo criminoso não era o atendimento religioso, mas a exploração financeira da fé, sem nenhum escrúpulo", comenta o titular da delegacia de Niterói, delegado Luiz Henrique Marques Pereira. "A atuação de líderes religiosos na arrecadação de dízimos e ofertas é permitida dentro do princípio da liberdade religiosa, garantida pela Constituição Federal. No entanto, quando essa arrecadação ocorre por meio de fraude, ultrapassa o campo da fé, sendo considerando conduta criminosa." 

As investigações revelaram uma estrutura sofisticada de telemarketing religioso, onde dezenas de atendentes eram contratados por meio de anúncios em plataforma on-line de vendas. Os selecionados, sem qualquer vínculo religioso com a instituição, eram orientados a se passarem pelo líder religioso durante atendimentos via WhatsApp.

Durante as conversas com as vítimas, os atendentes simulavam ser o pastor de uma igreja de São Gonçalo, utilizando áudios previamente gravados com promessas de curas e milagres, condicionadas à realização de transferências bancárias via pix. Os valores cobrados variavam entre R$ 20 e R$ 1,5 mil, conforme o “tipo de oração” oferecida. Para dar vazão ao grande volume de arrecadações, o grupo se utilizava de uma rede de contas bancárias registradas em nome de terceiros, dificultando o rastreamento das movimentações financeiras. Os atendentes eram remunerados por comissões proporcionais à arrecadação semanal e submetidos a metas rígidas de desempenho. Aqueles que não atingiam o valor mínimo estipulado eram dispensados.

A investigação teve início em fevereiro deste ano, quando a polícia identificou a existência de um call center, onde foram flagradas 42 pessoas realizando atendimentos virtuais. Na ocasião, 52 telefones celulares, 6 notebooks e 149 cartões pré-pagos de telefonia móvel foram apreendidos. A análise desse material confirmou a atuação coordenada do grupo e permitiu identificar milhares de vítimas em todo o território nacional.

Durante a apuração, foi realizada também investigação financeira, que identificou movimentações superiores a R$ 3 milhões em um período de dois anos. Com base nos elementos colhidos, foram decretados o sequestro de bens e o bloqueio de contas bancárias dos investigados, bem como de empresas a eles vinculadas.

Nas diligências desta quarta, os policiais encontraram uma grande quantidade de dinheiro em espécie na residência do pastor, como: 32.450 mil reais, 1.800 euros, 750 libras egípcias e 90 dólares.

Nessa primeira fase, o pastor e outros 22 integrantes do grupo foram denunciados. Além disso, foi deferida medida cautelar de monitoramento por tornozeleira eletrônica em face do pastor. As investigações seguem com o objetivo de identificar novas vítimas e eventuais participantes da organização criminosa.