A Secretaria de Estado de Polícia Civil, a Secretaria de Estado de Polícia Militar e o Ministério Público, com apoio da Secretaria de Estado de Segurança Pública, deflagraram, nesta quarta-feira (15/01), mais uma ação da "Operação Torniquete". Os alvos são operadores do fundo da facção conhecido como "caixinha" e os beneficiários desse esquema, incluindo familiares de faccionados. O financiamento é alimentado por diversos crimes que impactam a população, como roubo e furto de veículos e de cargas, extorsão, além de exploração e disputa por territórios. Os agentes buscam cumprir medidas cautelares expedidas pela Justiça no Complexo do Alemão e em outras regiões do Rio de Janeiro, além dos estados da Bahia e da Paraíba, com o apoio de policiais civis destas unidades da federação.

Ao todo, até o momento, 13 pessoas foram presas, sendo oito em cumprimento de mandado de prisão. Seis delas são mulheres, familiares de lideranças da organização criminosa. Os agentes apuraram ainda que um dos alvos já havia morrido, em confronto promovido pelos traficantes. Nas diligências, houve recuperação de 42 veículos produtos de crimes.

Além disso, policiais militares apreenderam oito fuzis, uma submetralhadora, uma pistola, carregadores de pistola e de fuzis, sete granadas e uma quantidade de material entorpecente. Uma grande plantação de maconha foi encontrada numa estufa na Fazendinha.

As investigações da Secretaria de Estado de Polícia Civil tiveram início em 2019, com uso de tecnologia avançada pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD). O trabalho policial revelou um esquema sofisticado que movimentou milhões de reais oriundos de atividades ilícitas. A apuração revelou ocultação de valores em cerca de 5 mil operações financeiras, totalizando mais de R$ 21 milhões.

Em uma ação anterior, em 2020, com o foco inicial de identificar o fluxo financeiro vinculado à facção, 84 pessoas foram indiciadas. Na época, houve apreensão de documentos que detalharam o funcionamento da "caixinha".

Com base nisso, foram autorizadas quebras de sigilo fiscal e bancário dos investigados. As informações obtidas passaram por análise detalhada e revelaram que o grupo substituiu as antigas práticas de interposição pessoal por meio de "laranjas" por métodos digitais que dispensam falsificação de documentos, aumentam a "segurança" das operações financeiras e dificultam o rastreamento pelas autoridades.

Entre os objetivos da segunda fase da "Operação Torniquete", iniciada em setembro de 2024 e que já resultou em mais de 300 prisões, está a asfixia financeira das organizações criminosas e de beneficiários, como familiares de faccionados, estejam eles presos ou em liberdade.

Na ação de hoje no Complexo do Alemão, a Secretaria de Estado de Polícia Militar mobilizou mais de 12 Unidades da corporação, incluindo equipes de operações especiais e de demolição, que precisaram usar um maçarico para retirar vigas de ferro que foram colocadas nas ruas na tentativa de impedir o avanço das equipes policiais no terreno. Uma retroescavadeira retirou carcaças de veículos incendiados que impediam a passagem. Mais de 20 toneladas de barricadas foram removidas pelos agentes.

Três suspeitos foram feridos e socorridos ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiram aos ferimentos. Um policial militar do Bope ficou ferido e foi socorrido para a mesma unidade hospitalar. O agente foi transferido para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, onde passou por uma cirurgia e tem quadro de saúde estável.